Almeida Garrett

Citações de Almeida Garrett

À cândida rosa da inocência faltam-lhe espinhos que do vicio a guardem.

A caridade é uma virtude que não desacompanha jamais suas duas irmãs, a Fé que dá o ânimo, e a Esperança que alenta o cora­ção.

A eloquência é a força de uma voz respeitada, no meio da efer­vescência popular; é um dos con­tínuos milagres que atestam o poder de Deus, e justificam a sua glória.

A força de uma voz respeitada, no meio de efervescência popular, é um dos contínuos milagres que atestam o poder de Deus e justificam a sua glória.

A modéstia, quando é excessiva e se aproxima do acanhamento, ao qual no mundo se chama falta de uso – pode ser num homem quase defeito inteiro. Na mulher é sempre virtude, realce de beleza às formosas, disfarce de fealdade às que o não são.

A tudo se habitua o homem, a todo o estado se afaz; e não há dúvida por mais estranha que o tempo e a repetição dos actos lhe não faça natural.

Aí, virtude. Que homens, que leis dos homens te conhecem?

Aurora da existência, infância amável, idade abençoada da mão que rege, que aviventa os dias, mimo da natureza, da cândida inocência bafejada, breve, mas linda flor sobre o gomo da vida despontada, infância, oh! meiga idade!

Bem nasce em todos os climas a semente da liberdade; mas desde que lhe germinam as folhas seminais, há-de haver um Washington que a monde, e ampare, ou os espinhos são tantos logo, tantos os cardos e abrolhos, que a afogam.

É falso que o amor seja cego; o amor vulgar pode sê-lo, o amor verdadeiro tem olhos de lince.

Formou Deus o homem, e o pôs num paraíso de delícias; tornou a formá-lo a sociedade, e o pôs num inferno de tolices. O homem – não o homem que Deus fez, mas o que a sociedade tem contrafeito, apertando e forçando em seus moldes de ferro aquela pasta de limo que no paraíso terreal afeiçoará à imagem da divindade -, o homem assim aleijado como nós o conhecemos, é o animal mais absurdo, o mais disparatado e incongruente que habita na terra.

Há três espécies de mulheres neste mundo: a mulher que se admira, a mulher que se deseja e a mulher que se ama. A beleza, o espírito, a graça, os dotes da alma e do corpo geram a admiração. Certas formas, certo ar voluptuoso, criam o desejo. O que produz o amor, não se sabe; é tudo isto às vezes; é mais do que isto, não é nada disto. Não sei o que é; mas sei que se pode admirar uma mulher sem a desejar, que se pode desejar sem a amar.

Imaginar é sonhar, dorme e repousa a vida no entretanto; sentir é viver activamente, cansa-a e consome-a.

O amor não está definido, nem o pode ser nunca.

O coração é cofre precioso de que, raro, confia homem prudente a chave a seu mais Intimo.

Ó formosura, ó doce encanto dolhos, enlevo dalma, para que no mundo te debuxou a natureza? Que vieste fazer no céu à terra, ornato de anjos, divinal revérbero da face do Criador?

O homem é uma grande e sublime criatura, por mais que digam filósofos.

O povo nunca se excita forte­mente pelo bom do que há de vir, senão pelo mau e insuportável do que é.

Orgulho do homem, dás o arranco extremo na vaidade da campa. Que grandezas, que distinções queres pleitear ainda na igualdade terrível do sepulcro!

Pouco vale a destra que não enxuga as lágrimas do aflito sem lhe rasgar primeiro os seios dalma, para lhe esquadrinhar do pranto a causa.

Quanto é doce à fagueira, amena sombra dos variados arbustos, coa fresquidão das plantas saciadas das lágrimas da aurora, nos prazeres cevar da Soledade o descansado espírito!

Saudade, gosto amargo de infelizes, delicioso pungir de acerbo espinho.

Se bem conhecessem as mães quanto valem as carícias maternas, quanto as apreciam os tenros corações de seus filhos, se elas as soubessem guardar e empregar sem capricho nem cegueira, nenhum meio mais forte e seguro para pena ou prémio teria a educação.