Citações de António de Oliveira Salazar

A excepção conduz à anarquia.

A família é a mais pura fonte dos factores morais da produção.

A felicidade é um estado de satisfação da alma, expressão de harmonia total entre as nossas aspirações e as realidades da vida. E por isso julgo mais simples atingir a felicidade pela renúncia do que pela procura e satisfação de necessidades sempre mais numerosas e intensas. A busca da felicidade exige, com efeito, supomos nós, um contínuo estado de insatisfação.

A gratidão pertence à História, não à política.

A indiferença a propósito de um princípio equivale, com efeito, à negação deste princípio, e não raras vezes o silêncio pesa mais que o erro.

A lealdade é a verdade do sentimento: é impossível ser desleal sem mentir à consciência, sem ludibriar a consciência alheia.

A Nação não se confunde com um partido, um partido não se identifica com um Estado.

A ordem não é produto espontâneo das sociedades mas filha da inteligência e da autoridade.

A política só em sentido deturpado se pode confundir com agitação estéril, referver de ódios, estadear de ambições pessoais ou de grupos para a conquista e usufruição de altos lugares.

As liberdades ilimitadas destroem-se a si próprias.

Autoridade absoluta pode existir, liberdade absoluta não existe nunca.

Autoridade e liberdade são dois conceitos incompatíveis… Onde existe uma não pode existir a outra…

Ceder é perder. Formula-se uma política e há que executá-la rapidamente. Só é possível ceder a ter flexibilidade depois da política estar vitoriosa. Antes disso, é perder por completo.

Civilização é a sequência de séculos de disciplina.

Confunde-se em Portugal tantas vezes a justiça com a violência que é vulgar não haver reacções contra o crime e haver reacções contra a pena.

Continuo a declarar que não se pode simultaneamente lisonjear a multidão e governá-la.

Cremos que a guerra é um mal, mesmo quando é uma necessidade, mas sabemos que há para os povos outros males maiores, porque os há que excedem a morte e a miséria – são a sua desonra e aniquilamento.

Deve o Estado ser tão forte que não precise de ser violento.

E como é da essência mesma do poder procurar manter-se, haverá sempre um número mais ou menos grande de princípios que o poder não deixará discutir, isto é, a propósito dos quais a liberdade não existe.

É necessária a política no governo das nações mas fazer política não é governar.

Em geral não têm com a autoridade senão relações baseadas na desconfiança. A obediência resulta sobretudo do modo. O poder é sempre discutido.

Em política acontece que as mesmas palavras traduzam realidades diferentes e que coisas semelhantes possuam nomes contrários.

Falta de perseverança – defeito capital da nossa raça…

Imaginar, como fazem muitas vezes, que as liberdades públicas estão ligadas à democracia e ao parlamentarismo, é não ter em con­ta as realidades mais evidentes da vida pública e social de todos os tempos.

Infeliz povo se, confundindo promessas vãs com realidades, vier a convencer-se um dia de que o trabalho é sinal de servidão e a desordem atmosfera saudável de vida.

Não é de patriota nem de político abandonar o futuro às contin­gências da sorte, não criar para uma obra condições de duração e de estabilidade. Por definição só fica feito o que perdura.

Nós somos um povo de conversadores… inúteis, sobretudo quando não somos espirituosos.

Nunca houve uma boa dona de casa que não tivesse muito que fazer.

O homem do Estado jamais encontrará alguma coisa útil ou eficaz nos trocadilhos de palavra, nas acrobacias da inteligência ou no desvairo das imaginações exaltadas.

O homem que tem presunção e brio de si próprio só sente verdadeira alegria ao vencer as grandes dificuldades. As pequenas dificuldades não pesam na vida dos homens e não podem dar-lhes a consciência, a alegria plena do cumprimento do dever.

O mundo parece ter perdido o hábito de pensar e a culpa talvez caiba a uma acumulação de sofrimentos. Convém reeducar este mundo, aliás afogado em intelectualismo.

O poder só pode agradar aos tolos ou aos predestinados. Os tolos desejam-no pelas vantagens que dele esperam. Os predestinados gozam-no pelo que para eles representa.

O português é eivado de individualismo e toda a regulamentação da sua actividade privada lhe é molesta. Penso que tem de refazer neste ponto a sua educação e que o seu modo de ser não se ajusta às necessidades dos tempos.

Os fados amolecem o carácter português, esvaziam a alma das suas energias e incitam à inacção.

Os homens mudam pouco e então os portugueses quase nada.

Os povos antigos ou são tristes, ou são cínicos. A nós, portugueses, coube ser tristes.

Para a formação da consciência pública, para a criação de determinado ambiente, dada a ausência de espírito crítico ou a dificuldade de averiguação individual, a aparência vale a realidade, ou seja: a aparência é uma realidade política.

Para expor o mínimo projecto os portugueses têm o hábito de se perderem em considerações inúteis.

Pesa-nos a autoridade, atrofia-nos a disciplina, seduz-nos o hiper-criticismo por motivos fúteis, parece-nos salutar entretenimento descartar homens e destruir governos.

Pode-se fazer política com o coração, mas só se pode governar com a cabeça.

Politicamente só existe o que se sabe que existe, politicamente o que parece é.

Praticamente tudo o que parece é, quer dizer, as mentiras, as ficções, os receios, mesmo injustificados, criam estados de espírito que são realidades políticas: sobre elas, com elas e contra elas se tem de governar.

Que queiram deitar-me a terra, compreendo, mas irrito-me que me tomem por tolo.

Quem se coloca no terreno nacional não tem partidos, nem grupos, nem escolas…

Se o mundo não conhece um longo período de idealismo, de espiritualismo, de virtudes cívicas e morais, não me parece que seja possível ultrapassar as dificuldades do nosso tempo.

Somos um país grande, não somos um país pequeno. Comanda­mos interesses muitas vezes importantes, e isto no Mundo. Nós continuamos aferrados à ideia de que somos pequenos, flamamos em pequeno. Há que fazer tudo em grande. Mas somos para aí uns pobres e parecemos não ter envergadura para isso.

Somos um país pequeno, com problemas sérios, e não podemos aderir a frentes débeis, só com o fim de proclamar que – brincamos às democracias.

Um decreto a reconhecer a cidadania faz-se em minutos e pode fazer-se já; um cidadão, isto é, o homem pleno e conscientemente integrado numa sociedade política civilizada leva séculos a fazer.