Citações de Jorge Amado

A adaptação de uma obra literária para a televisão, cinema ou teatro, é uma violência contra o autor.

A coisa pior que pode acontecer a um escritor é ficar cavando prêmios.

A gerente, que nos conheceu bolcheviques convictos e marginalizados, não entende nada quando vê o Mario presidente e outros ministros e escritores famosos.

A juventude é um bem imenso que você não prolonga. A juventude se acaba, nem que você queira iludir-se com esse negócio de jovem de espírito. Jovem é jovem, ponto final.

A mulher é igual ao homem. O feminino é a outra face do machismo.

A novela leva a milhões de pessoas a imagem de personagens de romance, que ficariam restritas a públicos bem menores.

A palavra é sempre perseguida por aqueles que desejam impedir que ela seja arma do homem na sua luta por uma vida melhor, de paz, fartura e alegria.

A poesia não está nos versos, por vezes ela está no coração. E é tamanha. A ponto de não caber nas palavras.

A vida me deu mais do que pedi e mereci. Não me falta nada. Tenho Zélia e isso me basta.

Aceitei o convite com muita satisfação. O Cacá é um diretor muito talentoso. A Sônia é minha filha três vezes.

Acho que o mais terrível foi a degradação do caráter. Em relação a duas coisas. Você teve a tortura. Em segundo lugar, a ditadura institucionalizou a corrupção. Hoje, esse mal faz parte dos costumes.

Acho que o socialismo é o futuro. A queda do muro significou o fim de ditaduras medonhas, que existiam em nome do comunismo, mas não eram comunismo na realidade. Acredito no avanço do homem em direção a um futuro melhor.

Acho que você não deve fazer nada que não o divirta, lhe dê prazer. Também não deve exercer um ofício, uma profissão para a qual é incompetente.

Acredito em qualquer coisa impossível no nosso tempo, quer dizer, um socialismo democrático.

Aprendi, nos anos em que estive exilado na Europa, de 48 a 52, uma coisa que o brasileiro sabe pouco, que é responder cartas. Me custa muito tempo, mas ainda hoje faço um esforço para responder.

Assim é a Bahia. Esse é o seu clima, ligado ao passado, fitando o futuro.

Baiano é um estado de espírito.

Continuo batendo com dois dedos e errando muito. Devo dizer que sou um dos homens mais incapazes do mundo. A lista de minhas incapacidades é enorme.

É necessário que os países do Primeiro Mundo entendam que é preciso preservar também cidades como Salvador, não apenas Roma ou Paris.

Em verdade sou um obá – em língua iorubá da Bahia obá significa ministro, velho, sábio: sábio da sabedoria do povo

Eu acho que o escritor verdadeiro é aquele que escreve sobre o que ele viveu.

Eu continuo firmemente pensando em modificar o mundo e acho que a literatura tem uma grande importância.

Eu era jovem, ainda não acreditava no impossível.

Eu me sinto mal. Porque eu acho que deviam ter 50 escritores mais lidos no Brasil.

Eu não corrigia nada, escrevia apressadamente, essas coisas de juventude. Mas os revisores colaboravam bravamente.

Eu sou muito otimista, muito. O Brasil é um país com uma força enorme. Nós somos um continente, meu amor. Nós não somos um “paisinho”, nós somos um continente, com um povo extraordinário.

Eu tive mais da vida do que mereci, do que pedi. Sou um homem muito feliz com a vida.

Eu vou te responder. A minha resposta é a seguinte: eu acho prêmio em geral uma bestice.

Fiz da minha vida e da minha obra uma coisa única, unidade do homem e do escritor.

Histórias engraçadas e histórias trágicas. Porém, como tenho uma visão alegre da vida, guardo, sobretudo, a memória das coisas divertidas que me fizeram rir.

Hoje, ser de outra religião que não a católica é um negócio ótimo, você até pode ser proprietário de rede de televisão.

Infelizmente eu não posso escrever um livro no Brasil. Para trabalhar eu preciso fugir.

Isto faz com que eu seja hoje um homem muito tranquilo diante da vida e diante das coisas, otimista como sempre fui.

Liberdade de expressão não há mesmo, está cada vez mais rara pelo mundo afora. É cada vez mais difícil. Chega um momento em que você tem que controlar a palavra, isso e aquilo. Realmente as condições pra você escrever estão se tornando muito difíceis e muito duras.

Mais difícil do que publicar um livro é escrever um bom livro.

Mais poderoso é o povo que supera e vence as limitações, enfrenta as terríveis condições da vida e marcha em frente, para o futuro.

Maria Bethânia é um ‘orixá vivo’, tamanha sua grandeza no palco.

Mas creio que na França há mais respeito pela privacidade das pessoas. No Brasil existe carinho, muito carinho, nenhum respeito.

Mas enquanto houver miséria, enquanto houver Terceiro Mundo, pode ter certeza, meu amigo, que não haverá paz no mundo.

Milagre de amor não tem explicação, não necessita.

Na Europa, chamam-me de mestre, mas é caminhando pelas ruas de Salvador que eu me sinto à vontade.

Na realidade, o tema da infelicidade tem engendrado montanhas de livros horríveis, umas masturbações insuportáveis.

Não acredito em literatura latino-americana, acho este termo muito colonialista. Mas cada país do continente tem sua literatura, muito boa, por sinal.

Não acredito que chegue um tempo em que a literatura seja relíquia do passado.

Não escrevi meu primeiro livro pensando em ficar famoso. Escrevi pela necessidade de expressar o que sentia.

Não me sinto constrangido, pois não sou pornográfico nem obsceno, sou um escritor realista.

Não possuímos direito maior e mais inalienável do que o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou exterminar.

Nenhum crítico ensina ninguém a fazer romance.

Nossas elites são, de fato, extremamente preconceituosas, não merecem grande atenção.

O capitalismo conserva-se o mesmo sistema frágil e injusto, produtor de guerras, de miséria, baseado no lucro, na ânsia do dinheiro. São razões muito miseráveis.

O escritor brasileiro tem que ouvir o Brasil.

O escritor, a meu ver, deve estar comprometido com o seu tempo e seu povo.

O humor não é coisa da juventude. O jovem tem força criadora, elã, paixão, entusiasmo e ímpeto, uma coisa que depois você tem menos. Depois você tem a experiência, e o humor é da experiência.

O que está acontecendo no Brasil é como uma coceira, muita gente pensa que é lepra, mas é só uma coceira, vai acabar.

O socialismo não depende de você, nem de mim, nem de ninguém. O socialismo é a marcha inexorável da humanidade que marcha pra frente.

Para criar a vida, é preciso tê-la vivido e ardentemente, com apaixonado coração.

Para fazer uma coisa que não me diverte tenho que fazer um esforço muito grande.

Para mim, o sexo sempre foi uma festa. Aos 82 anos, a festa é muito diferente do que era aos 20, aos 50, mesmo aos 60: é uma festa que é feita da experiência, do refinamento.

Pobres dos escritores que não se derem conta disso: escrever é transmitir vida, emoção, o que conheço e sei, minha experiência e forma de ver a vida.

Pode haver muita deficiência no livro de um jovem, mas haverá também nele uma coisa fundamental – a força da juventude.

Quando você morre em um país sem memória, imediatamente eles te esquecem. Quando eu morrer, vou passar uns 20 anos esquecido.

Que prêmio a mais pode querer um escritor cuja obra é lida em mais de 30 idiomas.

Sem democracia não há socialismo.

Só na Bahia poderia se ver tanta gente festejando um homem que não é político, fazendeiro, rico, cardeal ou general.

Sou filho da cultura popular da Bahia e da cultura francesa. Esta é uma das minhas misturas.

Um escritor aos 80 anos está começando a aprender a escrever.

Um escritor enquanto vive ele escreve. Você não se aposenta. Enquanto não morre, está escrevendo.

Um escritor não pode desejar nada de maior e de melhor do que ser lido. Assim ele pode cumprir sua missão.

Um instrumento anti-social e extremamente elitista.

Vejo somente uma solução para a dívida externa no Brasil. Não pagar. Não vejo outra.