Citações de Júlio Dantas

A arte infiltra tudo, vive de tudo. Mas onde ela é maior, é precisamente onde menos se vê.

A boca, é nas mulheres, a feição que menos nos esquece.

A felicidade é qualquer coisa que depende mais de nós mesmos, do que das circunstâncias e das eventualidades da vida.

A inteligência e a vivacidade da mulher afugentam de ordinário os homens medíocres, cujo orgulho de posse prefere, à beleza vivaz e raciocinadora, a beleza triste, passiva, submissa e silenciosa.

A liberdade, afinal, só serve na vida para nos dar o prazer de nos desfazermos dela.

A melhor maneira de ser grande é fazer-se entender pelos pequenos.

A mocidade é uma corrida vertiginosa: colhemos a flor da vida; mas, tão rápida é a nossa carreira, que mal temos tempo para lhe aspirar o perfume.

A mocidade, quando ama, não tem exigências que não sejam as do próprio amor.

A mulher que se beijou e não se teve, que se adivinhou e não se possuiu, transforma-se para nós numa obsessão, numa preocupação doentia.

A mulher só ama quando admira; para amar um homem precisa de se sentir inferior a ele.

A primeira condição para se escrever de literatura, é saber dar a impressão de que se escreve sem literatura.

A velhice é um simples preconceito aritmético, e todos nós seríamos mais jovens se não tivéssemos o péssimo hábito de contar os anos que vivemos.

A vida é uma vertigem.

Antes de se amar profundamente, não se viveu ainda; e, depois, começa-se a morrer.

As mulheres não se dão ao trabalho de justificar e de analisar as suas afeições.

As mulheres podem bem não conhecer os homens; mas conhecem-se bem umas às outras.

As mulheres que atravessam a zona perigosa dos quarenta anos nunca se consideram felizes.

Como a nossa fragilidade o concebe e o pratica, o amor é um sentimento essencialmente incómodo. Mal dois olhares se trocam e duas mãos se enlaçam, vem logo a tragédia das suspeitas, dos ciúmes, das zangas, das recriminações, estragar momentos que deviam ser os mais belos, os mais alegres, os mais despreocupados da vida.

É nas velhas casas, onde parece flutuar ainda a penumbra dourada do passado, que se recebe, mais perdurável e mais viva, a impressão da família e do lar.

Entre um homem moço e uma mulher bonita, a amizade pura, a amizade intelectual é impossível. O homem e a mulher são, fundamentalmente, irredutivelmente, inimigos. Só se aproximam para se amar – ou para se devorar.

Na sua fúria de masculinização, a mulher começou por nos encantar, e, estejamos certos, há-de acabar por nos bater.

Não há como os imitadores para nos fazerem sentir o que existe de mau na obra de um escritor ilustre.

Não há felicidade no casamento, quando a mulher não reconhece a superioridade do marido.

Não há nada que valha a dignidade do silêncio.

Não são as mulheres muito inteligentes que despertam as maiores paixões. A inteligência tem qualquer coisa de ágil, de másculo, de irritante, que repele a sensualidade misteriosa do homem.

O amor não é uma futilidade ou um divertimento; é um sentimento profundo, que decide de uma vida. Não há o direito de o falsificar.

O amor nasce de quase nada e morre de quase tudo.

O amor, como a vida inteira, está cheio de lugares-comuns.

O amor, para ser belo, não precisa de ser eterno.

O bem que se deseja só existe enquanto o vemos de longe; e toda a felicidade sonhada desaparece para nós no momento em que julgamos possuí-la.

O homem é um animal essencialmente infiel.

O maior defeito da mulher é o homem.

O que foi sempre o amor senão a mais dolorosa, a mais voluptuosa das mentiras?

Os bons livros que têm o direito de viver, defendem-se e justificam-se por si próprios.

Para se ser rigorosamente bem-educado, não basta que não nos metamos na vida dos outros; é preciso que deixemos os outros meterem-se na nossa.

Plagiar, é implicitamente, admirar.

Pode secar-se, num coração de mulher, a seiva de todos os amores; nunca se extinguirá a do amor materno.

Procura ser tão gentil com a tua mulher como no tempo que a conquistaste.

Quem encontrar na vida o verdadeiro amor, deve escondê-lo, longe do mundo, como um tesouro.

Querer que uma mulher ame toda a vida, é tão absurdo como querer que a Primavera dure todo o ano.

São tão imensamente grandes, tão paradoxalmente violentos certos amores, que atingem a expressão terrível do ódio.

Se as mulheres bonitas tivessem todos os amantes que lhes atribuem, não havia maior castigo do que a beleza.

Ser honesto é vestir uma roupa de estrelas.

Só permanecem na mulher as modas que agradam aos homens.

Toda a cautela é pouca com imaginações sempre prontas a voar para a região dos sonhos dourados.

Todas as mulheres que amam se parecem, e todas as mulheres que mentem, mentem da mesma maneira.

Todas as mulheres têm na vida uma hora perigosa. Essa hora decide da sua existência inteira. É a hora do Diabo. É o instante de fragilidade em que sucumbem para sempre, ou em que para sempre se salvam.

Todo o bem que se realiza é uma ventura que se perdeu.

Um livro mau e uma amiga íntima são os piores inimigos de uma mulher.

Uma mulher é sempre uma interrogação.